
No início da década de 1970, no recém-criado Cebrap, a maioria dos pesquisadores estava envolvida num grande projeto sobre marginalidade social, emprego e desenvolvimento. Como parte da pesquisa, fez-se um survey em Salvador. Além do questionário convencional, aplicou-se a cada entrevistado um formulário que registrava a cada ano informações sobre família e residência, vida reprodutiva, educação, ocupação etc. Para processar esse formulário, que continha a história de vida codificada de cada um, elaborei um programa em linguagem Fortran IV, para uso em computadores de grande porte, uma vez que PCs e laptops inexistiam ainda. O projeto rendeu teses, livros e artigos, inclusive meu doutorado, publicado como O trabalhador por conta própria sob o capital. O pequeno livro que aqui se mostra só tem interesse hoje para uma eventual "arqueologia" da pesquisa sociológica no Brasil. A rigor, com esse tipo de procedimento, procurava-se, na época, dotar a sociologia de uma feição mais próxima daquela das ciências exatas. Era preciso demonstrar à ditadura de então, que perseguia os cientistas sociais, que as ciências humanas eram ciências, sim, senhor. Para isso, por que não usar fórmulas, dados quantitativos estatisticamente elaborados, processamento de dados?
O livro está disponibilizado em parte na Biblioteca Cebrap:
texto completo | anexo I | referências bibliográficas.
O anexo II, que traz o programa escrito em linguagem Fortran por Reginaldo Prandi, está disponível aqui.